Tarifaço: café solúvel do Brasil ainda sofre taxa de 50% nos EUA
Oliver Stucker analisa EUA zerarem tarifaço sobre produto do Brasil O café solúvel brasileiro ainda está sendo taxado em 50% nos Estados Unidos, informou a ...
Oliver Stucker analisa EUA zerarem tarifaço sobre produto do Brasil O café solúvel brasileiro ainda está sendo taxado em 50% nos Estados Unidos, informou a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) nesta sexta-feira (21). Na quinta-feira (20), o governo americano suspendeu a tarifa adicional de 40% sobre alguns produtos brasileiros. A medida veio uma semana após os EUA retirarem a taxa de reciprocidade de 10% para cerca de 200 mercadorias de vários países. Os anúncios beneficiaram o café em grão, mas deixaram de fora o solúvel. "Embora celebremos a reversão das tarifas para outras categorias agrícolas, a Abics lamenta profundamente que o café solúvel brasileiro [...] tenha sido mantido na lista de produtos sujeitos à taxa adicional de 40%, que totaliza 50% quando somadas aos 10% de tarifas recíprocas que prevalecem sobre o solúvel", disse a Abics. "Esta realidade contrasta com o progresso geral nas negociações bilaterais e representa um desafio contínuo para o setor", acrescentou. O café solúvel representa cerca de 10% de todas as exportações da indústria brasileira de café, disse Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Imagem de café solúvel sendo preparado com leite. Reprodução/TV Gazeta Segundo a Abics, as vendas de café solúvel aos EUA rendem US$ 1,1 bilhão ao Brasil. Matos diz que o setor segue negociando para reverter a tarifa sobre o produto. "Nós temos reunião com o MRE [Ministério das Relações Exteriores], com o chanceler [Mauro Vieira], dia 28 de novembro. Temos uma rodada de negociações com o Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], com o Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária], nos dias 27 e 28. Temos esse trabalho para fazer em prol do café solúvel", disse Matos, ao g1. "O que é importante é que as negociações estão indo bem. Quando o presidente [dos EUA, Donald] Trump cita a boa relação, na ordem executiva, é um sinal de que isso pesou também", afirmou. ENTENDA A DECISÃO: Veja a lista de produtos brasileiros que ficam de fora do tarifaço Decisão cita conversa com Lula e 'progresso' nas negociações Leia a íntegra da medida que retirou tarifa de 40% de alguns produtos Relembre esforços do governo brasileiro para reduzir tarifaço de Trump Negociações entre Lula e Trump 'Ninguém respeita quem não se respeita", diz Lula após recuo nas tarifas dos EUA Diferentemente da ordem executiva da semana passada, que era global, a decisão de quinta-feira (20) se aplica somente ao Brasil. Nela, Trump cita a conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no início de outubro, e afirma que a retirada das tarifas é resultado das negociações entre os dois governos. "Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento", diz Trump no documento. "Também recebi informações e recomendações adicionais de diversos funcionários [...] em sua opinião, certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional [...] porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil", acrescenta o presidente. Veja alguns dos produtos que tiveram a tarifa de 40% retirada: café; carne bovina; açaí; cacau; banana; tomate; coco; castanha de caju; mate; especiarias, como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada. Governo brasileiro celebrou decisão O governo do Brasil comemorou a retirada da tarifa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está “muito feliz porque o presidente Trump começou a reduzir a taxação de alguns produtos brasileiros". "Essas coisas vão acontecer à medida que a gente conversa”, afirmou. Lula acrescentou que seguirá buscando “diálogo e racionalidade” para eliminar as demais tarifas ainda aplicadas aos produtos brasileiros. Para o Itamaraty, a decisão foi um avanço importante, especialmente por fazer menção às negociações com o Brasil e porque a data retroativa (13 de novembro) coincide com o dia da reunião entre Marco Rubio e Mauro Vieira. O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou que a medida é uma “excelente notícia”. Segundo ele, o Brasil volta a competir em condições equilibradas no mercado dos EUA, o que ajuda a estabilizar preços dos produtos. Alívio para exportadores A retirada de taxas do café e da carne, especificamente, representa um alívio para exportadores brasileiros desses produtos. Os Estados Unidos são o principal comprador de café do Brasil e respondem por cerca de 16% de tudo o que o país exporta. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as importações caíram pela metade entre agosto e outubro, na comparação com 2024, por causa do tarifaço. O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, disse, na quinta, que a decisão é resultado de “um trabalho muito intenso”. "Para nós, é um momento de celebração, um presente de Natal antecipado. Vamos concorrer com nossa sustentabilidade e competitividade em pé de igualdade, como a gente sempre quis", afirmou ao g1. No caso da carne, os EUA eram o segundo maior comprador do produto brasileiro antes do tarifaço, importando 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior. Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a decisão do governo americano. Segundo a entidade, "a reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira." A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também celebrou a retirada da tarifa. "Esta nova ordem corrige a distorção criada pelas tarifas entre o principal mercado comprador e consumidor de café, os EUA, e o principal produtor e exportador global, o Brasil." "A partir de agora, a tendência é que seja restabelecido o fluxo normal de comércio de cafés especiais entre as nações, que vinham sendo duramente impactadas pelas distorções criadas pelas tarifas."