cover
Tocando Agora:

Nos bastidores da COP30, Brasil arma estratégia para destravar plano global contra combustíveis fósseis

'O mundo precisa de um mapa de caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis', diz Lula O governo brasileiro tem se mobilizado nos ...

Nos bastidores da COP30, Brasil arma estratégia para destravar plano global contra combustíveis fósseis
Nos bastidores da COP30, Brasil arma estratégia para destravar plano global contra combustíveis fósseis (Foto: Reprodução)

'O mundo precisa de um mapa de caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis', diz Lula O governo brasileiro tem se mobilizado nos bastidores da COP30 para que o “mapa do caminho” para abandonar os combustíveis fósseis seja oficializado na agenda da conferência. O plano havia ficado de fora, mas fontes ligadas ao governo contaram ao g1 e para a TV Globo que já há apoio de outros países. ➡️ Antes, para você entender: Mapa do caminho” ou roadmap (em inglês) é o termo usado em negociações internacionais para designar planos de ação que estabelecem etapas, prazos e metas concretas rumo a um objetivo comum. Na prática, trata-se de um roteiro político e técnico que define “quem faz o quê, até quando e com quais recursos”. O roadmap foi citado pelo presidente Lula em seu discurso de abertura da conferência. A fala foi vista como uma sinalização clara de que essa era uma tarefa para a COP de Belém. ➡️ Desde a COP 28 em Dubai, no ano de 2023, os países concordaram que é preciso fazer uma transição para longe dos combustíveis fósseis. No termo em inglês, o texto final citava transitioning away from fossil fuels. No entanto, deixou um ponto cego: não disso, como e quando isso seria feito. A questão é que, apesar da sinalização de Lula, o mapa não está na agenda oficial da COP30 — assim como outros quatro assuntos que ficaram de fora, entre eles o debate sobre a ampliação do financiamento. No entanto, fontes ligadas ao governo explicam que há uma costura sendo feita para a inclusão. Cientistas alertam que mundo tem só quatro anos para evitar ultrapassar 1,5°C Como isso está sendo feito? O que o g1 e a TV Globo apuraram é que o plano é que outro país e não o Brasil lance a discussão. A ideia é que o país apresente a opção e o Brasil dê suporte. A Colômbia está buscando apoios para a iniciativa e pode divulgar a ideia na semana que vem. ➡️ A Colômbia já anunciou a proibição de exploração de petróleo em sua área da Amazônia, por exemplo. Isso como um país subdesenvolvido. O contexto traz força para pressionar contra a narrativa econômica. Segundo a apuração da agência AFP, a Colômbia já teria o apoio de 60 países entre eles Quênia, Alemanha e Colômbia. O maior obstáculo são os países em que a economia é baseada em petróleo, como a Arábia Saudita. O que os países falam é que seria necessário mais tempo e condições justas, em que os subdesenvolvidos não fossem os primeiros. ➡️ Por isso, o objetivo do Brasil não é a entrega de um mapa do caminho que defina agora como é quando — isso travaria a discussão. Mas um plano de futuro: A proposta é a criação de um grupo de trabalho que atue por dois anos definido como e quando. Esse grupo vai apresentar os resultados para a COP32, que acontece em 2027. Ainda não está definido se a estratégia seria colocada no papel dentro do texto final da COP30 (o que exigiria consenso de todos os países) ou se seria uma decisão de capa. A decisão de capa é um documento apresentado pelo presidente da Conferência do Clima para incluir temas que não foram negociados por todos os países. Uma amostra dessa costura aconteceu nesta quinta-feira (14) em um evento com a presença da ministra Marina Silva e representantes de alguns dos países aliados desse plano como Reino Unido, França e a própria Colômbia. Eles estiveram reunidos com Nicholas Stern, vencedor do Nobel de economia e que atua com estudos sobre economia de baixo carbono. Stern falou sobre as pesquisas e aplicações para uma economia com menos impacto. No evento, a representante do Reino Unido ainda usou a palavra para dizer à ministra que ela tinha o apoio do país em sua vontade de uma transição energética de forma prática. “Estamos totalmente com você”, disse. Isso é o suficiente? O que especialistas explicam é que apesar de não ter datas e regras ainda, isso oficializaria a transição contra combustíveis fósseis e dá um passo mais largo se comparado ao que foi feito na COP28. “Isso é um avanço muito grande. A gente teria uma obrigação formal de discutir as datas e os formatos disso em breve. Seria um marco de sucesso da COP”, explica Stela Herschmann. Paulo Artaxo, que é professor da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, lembra que a COP30 só está ocorrendo por causa da queima de combustiveis fosseis, que é a razão de 90% do aquecimento global. Portanto desenhar um mapa do caminho pra que a humanidade se livre dos combustíveis fosseis é a melhor coisa e a coisa mais importante que a COP30 pode realizar, afirmou.