Lula deve estar se sentindo muito forte para brigar com Senado e Câmara ao mesmo tempo, diz senador governista
Lula indica Jorge Messias pro STF Depois do anúncio oficial da indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), aliados do presidente Lula f...
Lula indica Jorge Messias pro STF Depois do anúncio oficial da indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), aliados do presidente Lula fizeram alguns alertas ao Palácio do Planalto. Um deles fez o seguinte comentário: "Lula deve estar se sentindo muito forte para brigar com o Senado e a Câmara ao mesmo tempo". O primeiro alerta é de que o apoio do Senado ao norme de Jorge Messias não virá por gravidade. O segundo é que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não irá trabalhar pela aprovação do advogado-geral da União. O terceiro é que Lula está em dívida com a Casa e precisa melhorar o relacionamento com senadores. Boa parte nunca foi recebido pelo presidente para uma conversa. Esses aliados também lembram que Paulo Gonet teve sua recondução aprovada por um placar apertado, 45 votos. Agora, caberá ao presidente do Senado definir o prazo em que encaminhará a indicação para a Comissão de Constituição e Justiça, presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Alcolumbre pode tanto demorar para encaminhar o nome, quanto acelerar o processo. Presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União-AP), conduz sessão do Senado em 16 de julho de 2025. Jefferson Rudy/Agência Senado O cenário desta sexta-feira (21), segundo interlocutores de Alcolumbre, é que acelerar seria ruim para o governo, porque é preciso tempo para construir a aprovação de Jorge Messias. Por sinal, nessa quinta-feira (20), a assessoria de imprensa de Alcolumbre fez questão de divulgar que o presidente do Senado não recebeu um telefonema de Lula nem antes nem depois da nota para avisar sobre a escolha de Jorge Messias. Um gesto classificado de “descaso” por interlocutores do presidente com Alcolumbre, o que ele vai demorar a esquecer. Não só vai demorar esquecer, como pode complicar a vida do Palácio do Planalto em votações na casa que dirige. Logo depois do anúncio de Jorge Messias para o STF, Alcolumbre, contrariado, divulgou que a Casa votará na próxima semana um projeto que gera um custo bilionário para os cofres do governo: a aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, uma promessa desde o período da pandemia do Coronavírus. Uma PEC semelhante tramita na Câmara. O impacto dela, segundo cálculos de técnicos do governo, seria de R$ 24 bilhões em 10 anos. Além dessa votação, o momento da escolha de Messias, desagradando Alcolumbre e senadores, é o pior possível, pois o Congresso Nacional terá sessão para votar vetos do presidente Lula ao projeto da devastação ambienta na próxima semana. Alcolumbre chegou a tirar de pauta a análise destes vetos para que isso não acontecesse durante o período da COP30, a pedido do governo federal. Apesar das resistências do Senado a um nome que não fosse o de Pacheco para substituir Luís Roberto Barroso no STF, a equipe do presidente Lula confia no perfil agregador, suave e de bom negociador para garantir a aprovação de Jorge Messias. Assessores presidenciais reconhecem, porém, que o clima não é totalmente favorável e o governo terá de entrar em campo também. Não basta deixar tudo só nas mãos do atual advogado-geral da União. “Resistências são normais, mas elas serão vencidas. Não enxergamos um cenário de rejeição”, diz um assessor de Lula. Ele lembra que as últimas rejeições de um nome escolhido para o STF aconteceram no distante governo de Floriano Peixoto, em 1894, no final do Século 19. Ele teve cinco indicações rejeitadas pelo Senado, entre elas de um médico e dois generais.