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Líderes dos Brics reagem contra inclusão dos países do grupo entre os alvos de sobretaxas americanas

A primeira autoridade a se manifestar no Brasil foi o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Geraldo Alckmin. Ele defendeu o diálogo co...

Líderes dos Brics reagem contra inclusão dos países do grupo entre os alvos de sobretaxas americanas
Líderes dos Brics reagem contra inclusão dos países do grupo entre os alvos de sobretaxas americanas (Foto: Reprodução)

A primeira autoridade a se manifestar no Brasil foi o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Geraldo Alckmin. Ele defendeu o diálogo com os Estados Unidos. Termina cúpula do Brics, no Rio A ameaça de Donald Trump dominou as discussões no encerramento da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro. Na reunião oficial, a agenda era outra. Mas, nos bastidores, a ameaça de Donald Trump movimentou a diplomacia do Brics. A primeira reação veio de Pequim. Lá, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que a China é contra o uso de tarifas como ferramenta de coerção e pressão, e completou dizendo: "As guerras comercial e tarifária não têm vencedores, e o protecionismo não é o caminho a seguir”. A Rússia defendeu o Brics. O porta-voz do Kremlin afirmou que "o grupo tem uma visão de mundo comum sobre como cooperar, e que essa cooperação nunca será dirigida contra nenhum outro país”. A África do Sul também reagiu, dizendo que o Brics representa o esforço por um multilateralismo reformado, nada mais. A primeira autoridade a se manifestar no Brasil foi o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Geraldo Alckmin. Ele defendeu o diálogo com os Estados Unidos: "O que nós defendemos é avançar no diálogo, como está sendo feito, e buscar mais alternativas para fortalecer o comércio exterior recíproco. Os Estados Unidos só têm a ganhar com o Brasil. Nós somos um parceiro muito importante , e os Estados Unidos também são um parceiro importante. É o maior investidor no Brasil". O presidente Lula disse que, na reunião do Brics, os países não deram nenhuma importância para o assunto. Mas, ao final do encontro, ele reagiu à ameaça de Donald Trump: "Um Presidente da República de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador. Nós somos países soberanos. Se ele achar que pode taxar, os países têm direito de taxar também. E é preciso que as pessoas leiam o significado da palavra soberania. Cada país é dono do seu nariz”. O presidente voltou a criticar a ONU pela incapacidade na solução dos principais conflitos armados da atualidade. Disse que o órgão perdeu credibilidade e não toma decisões sobre o fim das guerras porque está envolvido nelas. Líderes dos Brics reagem contra inclusão dos países do grupo entre os alvos de sobretaxas americanas Jornal Nacional/ Reprodução O próximo a presidir o Brics vai ser a Índia, considerada no grupo o país mais próximo do Brasil. Os dois países são candidatos a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Também são dois membros democráticos em um grupo que agora é composto por uma maioria de regimes autoritários. Na mesa de reuniões, os líderes encerraram o encontro debatendo a cooperação nas áreas do clima e da saúde. Os 11 países vão incentivar parcerias para combater as doenças socialmente determinadas, também chamadas de doenças da pobreza - como a tuberculose, a dengue e a doença de Chagas -, que afetam principalmente os países em desenvolvimento. O objetivo é aumentar a pesquisa, a produção de vacinas e de medicamentos. Na área de financiamento climático, o Brasil conseguiu incluir no documento uma referência ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma das principais propostas brasileiras para a COP 30, que vai ser realizada em novembro, em Belém. O documento diz que a iniciativa vai ser capaz de mobilizar financiamento de longo prazo para a conservação de florestas em pé. O Brics cobra as nações desenvolvidas para que financiem a adaptação às mudanças climáticas nos países mais pobres. Segundo Vitelio Brustolin, professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, a pauta do meio ambiente foi o principal avanço conquistado pelos negociadores brasileiros: “Os avanços da declaração ficaram ofuscados pelo posicionamento do Brasil e outros países em alinhamento a ditaduras, que hoje fazem guerras e promovem terrorismo e ameaças nucleares no mundo inteiro. Meio ambiente é a única pauta que o Brasil pode se destacar, justamente por ser reconhecidamente um líder na geopolítica ambiental no mundo inteiro, ter a maior parte da Amazônia no seu território e ser sede da COP 30, agora em novembro. Fora isso, das outras pautas que fizeram parte do Brics, não houve avanços significativos”. Cobrar os países desenvolvidos, conduzir as negociações e receber milhares de convidados. O mundo todo volta a estar de olho no Brasil em novembro, na COP 30. LEIA TAMBÉM Após ameaça de Trump, ministro da Rússia diz que americano 'não esconde intenções' sobre Brics e que uso do dólar tem diminuído Entenda a troca de farpas entre Lula e Trump após a cúpula do Brics Encerramento do Brics tem nova 'foto de família' e sessão sobre meio ambiente, COP30 e saúde global; veja destaques do 1º dia O que é o Brics e qual a relevância do encontro sediado no Brasil?