Galípolo vê mercado de trabalho aquecido e diz que cenário demanda BC conservador
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (1) que os dados de desemprego de outubro mostram um cenário econômico mais com...
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (1) que os dados de desemprego de outubro mostram um cenário econômico mais complexo do que o esperado. Para ele, esse contexto exige uma atuação mais conservadora na condução da política monetária. 🔎 A taxa de desemprego recuou para 5,4% no trimestre encerrado em outubro — o menor nível desde o início da série histórica, em 2012 — mesmo diante de um quadro de juros elevados e sinais mistos no mercado de trabalho. Galípolo reconheceu o ambiente de incerteza e afirmou que o país atravessa um dos momentos mais desafiadores para entender as relações tradicionais da economia. "O Brasil vive um contexto em que variáveis que normalmente caminham juntas passaram a se mover em direções inesperadas — como juros altos acompanhados simultaneamente por queda do desemprego e da inflação." Veja os vídeos que estão em alta no g1 Além disso, o presidente do BC afirmou que o órgão tem buscado reforçar uma estratégia de comunicação baseada em transparência e reconhecimento explícito das dúvidas que cercam o cenário atual. “Acho que tem sido a estratégia principal na nossa comunicação… apresentar quando a gente tem dúvidas efetivamente, e tentar ser humilde perante esse cenário.”, disse. Essa postura, segundo ele, é essencial diante de indicadores que levantam “mais questões do que respostas”. Mercado aquecido, mas difícil de ler O presidente do BC ressaltou que, apesar das divergências entre os dados do Caged e da PNAD, há elementos consistentes que apontam para um mercado de trabalho aquecido. Ele reconheceu, porém, que os sinais são contraditórios e dificultam uma leitura linear dos mecanismos de transmissão da política monetária. Essa dificuldade decorre do que ele chamou de “correlações econômicas mal comportadas” — que tornam mais complexo o diagnóstico sobre o equilíbrio entre demanda, salários e inflação. “Não tem sido simples fazer análise sobre o mercado de trabalho. Essa que é a verdade”, afirmou. Mesmo assim, ele destacou que diversas métricas reforçam a resiliência da economia, como a inflação de serviços, a dinâmica do consumo e os resultados correntes. Para o BC, essa soma de fatores exige cautela. “Se você não sabe muito bem o que está acontecendo ali… na dúvida, o papel do Banco Central é ser um pouco mais conservador”, disse. *Reportagem em atualização Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil (BC). Adriano Machado/ Reuters